Não conseguia pensar direito. Clary puxou Rick e o beijou!
Ela estava traindo Justin!
Rick tentou se afastar no começo, mas, como eu disse, era ela. Eu caí no chão, de joelhos.
-Ale! - Ouvi alguém gritar atrás de mim. Era Sten. Justin virou o corredor logo depois. Quando me viu no chão, correu também.
Sten me ajudou a levantar e quando Justin chegou, os dois me apoiaram na parede. Meus joelhos estavam fracos.
-Você está bem? - Justin perguntou.
-S-sim. Acho que foi baixa de açúcar, só isso... - Menti.
Por que eu havia mentido? Era minha chance de acabar com o namoro deles e eu poder ficar com Justin.
Mas Clary sofreria com isso, e Justin também. Bem, pelo menos, Justin sofreria.
-Sten, pegue algo na cantina pra ela. - Justin disse. Como era pra me proteger, Sten foi correndo.
-N-não precisa, já vamos sair, e.. - Quase caí de novo, não fosse Justin me segurar bem firme. Arfei com a proximidade de seus lábios.
-Calma. Você vai ficar bem.
Sten voltou meio minuto depois com um chocolate e uma água. Que fofo.
-Se é baixa de açúcar - disse ele. - nada melhor que um chocolate. - Ele sorriu. Mesmo assim, senti o ciume dele direcionado à nós, já que Justin estava quase me beijando. Ele viu que eu não conseguiria abrir o pacotinho, então o abriu e colocou parte do chocolate para fora. Justin me sentou no chão e ficou, como Sten, ajoelhado ao meu lado.
-Obrigada... - Murmurei.
Sten colocou um pedaço que ele partiu em minha boca. Realmente senti melhoras ao engolir. Justin abriu a garrafa d'água e tomou cuidado para não me molhar ao me ajudar a beber um pouco.
Depois de dois minutos, Sten fala:
-Está ganhando cor de novo.
Assenti. Justin me ajudou à levantar. Quando saímos e fomos lá para a frente, Clary não estava mais lá, e Rick estava apoiado na parede, com o pensamento em outro lugar.
Mas, pela sua cara, não era um bom pensamento.
Não consegui olhá-lo, então, olhei o chão, fingindo um pouco de tontura. Sten estava me segurando.
Rick nos viu e se mexeu, vindo até nós.
-Oi gente.
-Oi Rick. - Falei baixo.
-Fala, man. - Sten disse.
-E aí, Rick? - Justin cumprimentou.
-Ela está bem? - Rick perguntou para os meninos, vendo que eu estava tonta.
-Não, mas vai ficar. Vamos levá-la para casa, agora. - Justin disse.
-O que ela tem?
-Ela acha que é baixa de açúcar. Demos chocolate pra ela, e a cor está voltando, então pode realmente ter sido isso.- Sten confirmou.
-Ah. Bem, vai ser melhor ela ficar em casa, mesmo. A mãe dela deve saber o que fazer.
-Justin... pega meu celular, por favor? - Pedi.
Ele me olhou.
-Onde está?
-No bolso do lado da minha mochila.
Ele pegou e eu mandei um torpedo rápido pra minha mãe. Por sorte, ela estava bem perto, e chegou em um minuto.
Ela buzinou.
-Vamos, meninos. - Falei. - Tchau, Sten. Obrigada mesmo.
Ele me abraçou, sussurrando:
-Se precisar de algo, me ligue. - E, com um beijo na bochecha, saiu.
Entrei no carro com Rick e Justin.
-Como foi a aula, queridos? - Ela perguntou.
-Legal, mãe. - Respondi, fraca.
-Tia, a Ale passou mal. - Justin me entregou, pois sabia que eu não ia dizer nada.
-Jura? O que você tem, filha? - Ela direcionou a pergunta pra mim.
-Ah, nada de mais. Eu só acho que tive bixa de açúcar, é só isso. Mas o Jus e o Sten cuidaram de mim. Eu comi um chocolate e estou melhor.
-Obrigada, Justin. - Minha mãe disse.
-Por nada. - Ele respondeu. - Eu e Sten ainda achamos melhor ela comer mais alguma coisa.
-Tudo bem, querido. Obrigada por cuidar da minha filha. - Agradeceu de novo.
Chegamos em casa e mamãe serviu o almoço para nós quatro. Depois, subimos e eu sentei na cama com os meninos.
-Você parece bem melhor. - Justin disse.
Sorri pra ele.
-Obrigada. Estou me sentindo assim.
Ele sorriu, junto com Rick, que não deixava de sorrir quando podia. Estava sempre sorrindo, desde que o conheci.
-Bem, vamos começar... que matéria, primeiro?
Jus e Rick se olham e assentem.
-Física. - Disseram em uníssono e nós rimos.
-Tudo bem. - Peguei o livro de física. - Alguma parte específica?
-Não, haha' - Justin disse. Eu ri novamente e expliquei a matéria. Era realmente complicado. Haviam muitas fórmulas a serem decoradas, muitas situações diferentes para serem analisadas com cuidado...
A tarde passou, e no fim, ainda não tínhamos saído do capítulo 7.
-Isso é muito pra minha cabeça. - Rick disse.
-E pra minha. - Jus disse.
-Pra minha também, meninos. Mas temos que tentar, não? - Falei.
Eles pegaram os cadernos e eu ditei outra questão. Eles tentaram fazer de novo. Justin terminou antes e eu peguei seu calculo.
-Hm... Não. Equação errada. Em modo de fazer, está certo, mas não é essa equação que se tem que usar agora. Tente de novo.
Entreguei o caderno à ele e ele apagou. Peguei o de Rick.
-Quase, Rick. Você acertou o movimento, mas não é essa equação, também.
Devolvi o caderno e ele tentou de novo. Enquanto eles tentavam, eu estudava química. Era bem menos complicado, mas eu tinha que estudar.
Justin me mostrou outro calculo.
-Isso, agora está certo. Agora tente fazer a oitava pra terminar. Você também, Rick.
Eles assentiram e voltaram aos cadernos. Rick me mostrou o caderno 10 minutos depois.
-Certo e errado. Sétima certa. A oitava usa outra equação.
Ele tentou de novo, enquanto Justin me mostrava o caderno.
-Isso. Muito bem, Justin. - Sorri pra ele, fechando meu livro de química. Ele sorriu de volta, finalmente fechando o caderno e soltando um longo suspiro.
-Finalmente.
Rick me mostrou seu caderno.
-Certo também.
-Uhuu. - Ele comemorou.
-Aprenderam bastante, hoje.
-Com certeza. - Justin disse. - Obrigado por nos ajudar.
-É, valeu mesmo, Ale! - Rick agradeceu.
-De nada, meninos. De novo amanhã pra outra matéria?
-Amanhã eu tenho treino de futebol às 14h. - Justin disse.
-Tudo bem, então. - Sorri.
-Se não for pedir muito - Ele continuou. - Posso vir depois do treino? As provas vão chegar, e eu realmente preciso da sua ajuda.
-Claro.
Minha mãe entrou no quarto com uma bandeja de salgadinhos e três copos de coca-cola.
-Espero que estejam com fome. - Ela disse.
Sorri pra ela.
-Eu estou. Meninos?
Eles assentiram, sorrindo e agradecendo.
Levantei e peguei a bandeja de suas mãos.
-Eu levo depois, mãe. Obrigada.
-Por nada, querida. E então, a tarde foi produtiva?
Justin colocou as pernas para fora da cama, sorrindo.
-Totalmente. Ale é uma ótima professora.
-Sem ela, eu ia me ferrar nas provas. - Rick disse. Mamãe sorriu e virou pra mim.
-Que bom que estudaram bastante. Vocês vem de novo amanhã?
Rick me olhou.
-Se não houver problema.
-Eu gostaria de vir depois do meu treino, se não for incômodo. - Justin disse.
-Claro que não, queridos. - Mamãe deixou. - Fico feliz que a Ale ensine. Ao mesmo tempo que vocês aprendem, ela reforça. E com certeza é mais divertido estudar com amigos, não é, Ale?
Sorri.
-Claro que sim.
Meu celular tocou. Procurei pelo quarto e, quando vi, estava na mão de Justin.
-Você o deixou aqui. - Ele disse, estendendo a mão. - É a Clary.
Olhei-o.
-Se quiser, pode atender.
Ele me olhou, como se pensasse "você sabe como Clary é", mas eu assenti e ele atendeu. Virei pra minha mãe.
-Obrigada por tudo, mãe. - Abracei-a. Ela me deu um beijo na testa e saiu do quarto.
Virei-me para os meninos.
-Sim, vou dizer. Ok. Beijos. - Justin desligou e me olhou:- Clary quer que você ligue pra ela 21h sem falta.
-Tudo bem. - Sorri pra ele.
Comemos os salgadinhos enquanto falávamos da escola e outras coisas.
-Não, cara. - Justin disse. - De modo algum. O professor se Artes vai matar você se disser isso.
-Mas eu achei que era!!! - Rick se defendeu.
Eu ri.
-Tudo bem, Rick. Mas não. Bernini foi um escultor, pintor e muito mais desde bem cedo. Veja.
Fui na internet e procurei uma foto para ele.
-Esta é a escultura que o fez voltar ao topo de sua carreira.
-O que retrata? - Rick perguntou, e vi que Justin não saberia responder.
-Bem, esta mulher é a Madre Santa Teresa. A escultura chama-se O Êxtase de Santa Teresa. Bem criativo. A História dela é que ela era uma freira, mas não muito bem aceita por suas "levitações" e estórias. Uma noite, ela estava em... não lembro, algum lugar da igreja, e, diz ela, que um Anjo apareceu em forma humana para ela. Ele vinha com uma flecha de ouro com a ponta lambida por uma pequena chama. Diz ela que ele flechou seu coração diversas vezes e, depois...
Eles esperaram, mas eu não sabia como dizer.
Porém, continuei.
-Bem, sem querer parecer que é coisa feia, mas ele a flechou em outro lugar. A flecha a penetrava como... bem, vocês entenderam. E Bernini quis fazer o momento do seu êxtase. Se você notar, a mão do Anjo que não segura a flecha está retirando a roupa dela, bem ali, na parte de cima. A boca da Santa Teresa está aberta, como que tendo orgasmos. Não dá pra ver nessa imagem, mas no chão desta capela, há um desenho de um esqueleto saindo do Inferno, como se fosse a própria Morte chegando.
-Nossa! E o que mais ele fez? - Justin perguntou.
Pesquisei outras imagens.
-Estes são Daphne e o deus Apolo. O mito conta que Apolo e Eros brigaram, algo assim, e Eros quis se vingar. Ele atingiu o coração de Apolo com uma flecha de ouro, a do amor, e atingiu Daphne com uma de bronze, o desprezo Apolo se viu apaixonado por ela, seu primeiro amor, mas ela não o queria. Ele a perseguiu, e quando ela não aguentava mais correr, suplicou aos deuses que a transformassem em uma árvore. Não lembro qual, agora. Quando Apolo a pegou, ela já estava se transformando, e foi esse momento que Bernini retratou. Há várias outras imagens ótimas. Ele conseguiu tornar a pedra em uma imagem tão carnal quanto vocês tocando meu ombro.
-Tipo...? - Rick perguntou.
-Tipo essa foto.
Justin riu.
-Deixa de brincadeira. São modelos.
-Não, Justin. É uma escultura do Bernini.
-Não é possível. - Rick disse. - Parece totalmente real.
-Exatamente. - Sorri.
-Ele era foda. - Justin disse.
-Realmente.
Deu 19h, e Rick me olhou.
-Preciso ir, Ale. Antes que fique tarde.
-Tudo bem. Venha.
Justin é educado, e desceu conosco. Na porta, me despedi de Rick. Ele me deu um beijo na bochecha e saiu.
Justin subiu comigo e me olhou, ao sentar na cama.
-Está melhor?
-Sim, obrigada.
-Não foi baixa de açúcar, foi?
Olhei-o, também.
-Por que a pergunta?
-Eu te conheço faz tempo, Ale. Sei que não foi isso. Você se alimenta muito bem.
Odiava mentir pra ele, mas não podia fazê-lo sofrer.
Mas... e se ele descobrisse depois? E mesmo que eu falasse, que provas eu tenho? Seria a minha palavra contra a de Clary, e ele ia acreditar na namorada.
-Foi isso, sim. Eu não comi bem ontem, nem antes.
-Mas pelas aulas de ciências...
-Justin, o que importa é que estou bem, não é? - O interrompi, quase me matando por fazer isso.
Ele fixou o olhar em meus olhos. Franziu a testa.
-Você mente mal só pra mim, ou pra todo mundo?
Quase digo "só pra você" mas isso me entregaria.
-Não estou mentindo.
Ele suspirou.
-Se não quer falar sobre isso, é só dizer. Se disser, paro de insistir.
-Não quero falar sobre o que? Se não estou mentindo, não tenho nada que falar.
Ele deu uma risadinha. Pelo visto, se divertia com minha negação.
-Tem que aprender a mentir, Ale. Mas já entendi que não quer falar. Só saiba que, se precisar, vou estar aqui.
Fiquei com vontade de sorrir e abraçá-lo, mas isso poderia me entregar.
-Obrigada. Digo o mesmo.
Ele sorriu. Então, levantou e veio sentar exatamente ao meu lado, com um sorriso brincalhão e os olhos brilhando.
-E aí, como foi o ensaio hoje?
Me esforcei pra abrir a boca logo que ele perguntou, mas sem parecer muito interessada, o que não foi fácil, contando sua proximidade.
-Ah, foi bom.
-O professor disse sobre melhorar ou estar perfeito?
-Melhorar. Quero cantar músicas que tenham um grito, e este grito tenho que treinar.
-Clary também, mas ela não vai gritar. É arriscado. Você pode treinar sua voz por dias e na hora falhar. Ela não tentaria.
-Bem, eu vou fazer meu máximo.
-Você é corajosa.
-Obrigada. E você? O que o professor disse?
-Que eu estava ótimo. - Ele sorriu, feliz.
-Será que eu poderia ouvir o 'ótimo' do professor?
-Se tiver algum violão aqui, posso tocar.
Sorri.
-Espere um minuto.
Fui ao quarto de minha mãe. Papai havia deixado um violão pra mim antes de morrer, mesmo sabendo que eu não gostava de tocar, na esperança de, um dia, eu aprender. O que não aconteceu.
Peguei o violão e voltei ao meu quarto, onde Justin estava em pé na janela, com o brilho da lua sobre seu corpo, quase me fazendo babar. Será que ele fazia de propósito pra ser sexy em todos os lugares?
Ele virou quando ouviu meus passos na porta. Quer dizer, rezei para que fosse por isso, e não pela minha respiração desregulada. Sorriu.
-Não sabia que tocava.
-Não toco. Meu pai deixou pra mim achando que eu tocaria.
Ele me olhou.
-Ale..
-Pode tocar. Não tem problema.
Se fosse qualquer outra pessoa, eu não deixaria. Este violão foi uma das poucas coisas que restaram do meu pai. Mas não era qualquer pessoa. Era a pessoa que eu amava.
Entreguei o violão à ele e ele o afinou. Logo então, começou à tocar e cantar.
Espere... não conheço essa música! Quem será que canta? É linda!
Ao terminar de tocar, falei:
-Ele tem razão. Canta muito bem, Justin. E toca também. Mas isso você já sabia.
Ele riu.
-Obrigado.
-De quem é essa música linda, Justin?
Ele corou.
-Minha. Eu quem fiz.
Meus olhos brilharam.
-Jura? É maravilhosa!
-Valeu. - Disse, ainda corado. Depois, voltou ao normal:- Está totalmente decidida sobre o que vai cantar?
-Sim. Realmente vou cantar Give Your Heart A Break. Só vou treinar mais.
-Também quero te ouvir cantar.
-Bem... se insiste.. mas Give Your Heart A Break mesmo? Ou outra?
-O que você quiser.
Pensei.
-Bem... tem um piano lá no teatro da escola. Vamos lá no intervalo, e eu toco pra você.
-Claro. Nem sabia que você tocava piano.
-Faço curso à uns anos e terminei semestre passado, mas realmente não falei pra ninguém.
-Poxa, estou magoado. - Fez um bico falso, mas estava quase rindo, por isso ficou engraçado e não me convenceu de que estava magoado. Pelo contrário, eu ri. - Ei, estou magoado e você está rindo? - Ele também já estava começando à rir.
-Desculpa. - Coloquei a mão na barriga.
Deu 20h30, e levei Justin até a porta, pois ele também precisava ir.
-Foi ótimo, Ale. Obrigado por tudo.
-De nada. Te vejo amanhã.
Ele ia me dar um beijo na bochecha, mas eu também ia dar na dele, e, por muito pouco, não demos um selinho, mas a ponta dos meus lábios tocou o meio dos dele. Corei e ele baixou a cabeça.
-Ah... hem.... Tchau, Ale.
-T-tchau...
Quando eu estava fechando a porta, ele vira e fala:
-Ale?
-Sim?
-Por favor, não conta pra Clary.
-Tudo bem... eu não ia contar.
Ele virou e saiu andando, então fechei a porta.
MEU D'US! EU BEIJEI, ou quase, O JUSTIN!
Clary me mataria se soubesse!
Mas a sensação no momento... eu simplesmente voei na hora. Voei mesmo. Toda a felicidade veio pra mim, como se tudo no mundo fossem flores e pôneis.
Balancei a cabeça.
-Ele tem namorada.
Subi e liguei pra Clary 21h e conversamos até 00h, e eu estava morrendo de sono.
No outro dia, na escola, as pessoas continuaram ignorando todos nós. Quero dizer, todos menos Clary. Isso era muito estranho, considerando que éramos tão populares. Senti que Rick estava ganhando atenção, também.
Chamei Camilla, no corredor. Não sei se ouviu, mas só virou pra mim quando a toquei.
-Ah, oi, Ale! Tudo bem?
-O que aconteceu aqui?
Ouvi barulho de amasso e virei para trás. Mas não deveria ter feito isso. Não sei se eles me viram, mas Justin e Clary trocavam um beijo quente e meloso, enquanto Justin a puxava pra perto e ela mexia em seu cabelo e nuca.
E, claro, isso doeu. Forcei-me à virar pra Camilla de novo.
-Aconteceu o que? - Ela perguntou.
-Por que ninguém fala conosco? Eu tentei ajudar uma garota, e ela fugiu de mim.
Ela pareceu nervosa.
-Não sei... m-mas olha, se precisar de mim, pode me chamar.
-Obrigada, Mila.
Ela deu um sorrisinho fraco e saiu andando.
Quando virei para trás, Justin conversava com Rick, e tinham várias meninas ao redor. Sten estava vindo em minha direção.
-Oi Ale!!
-Oi Sten!
Nós nos abraçamos e muitas pessoas viraram pra nós, mas por poucos segundos.
As aulas que se seguiram depois disso foram um saco. Foi um alívio chegar o intervalo.
-Ale!
Virei pra trás. Justin vinha em minha direção. Esperei-o.
-Oi Jus! - O abracei.
-E então? Ainda vou ouví-la tocar?
Sorri.
-Claro. Venha comigo.
Peguei sua mão e o levei até o teatro. Tranquei a porta pra ninguém entrar e sentei no banco do piano.
Justin sentou no piano, na parte de trás, e eu toquei.
-Haha' é, ninguém conhece.
-É, e eu escuto músicas novas o tempo todo, então pois é, haha. É linda.
-Obrigada. Fiz pensando numa série de livros. É perfeita e combina com os personagens.
-Que legal. Depois eu leio.
-Haha não sei se é seu tipo de leitura. Você teria que me falar, antes.
-Gosto de tudo e qualquer coisa.
-É, então pode ler. - Nós rimos. - É As Peças Infernais, da Cassandra Clare.
-Vou baixar.
Olho-o.
-Eu prefiro ter os livros em casa. Meu PC fica pesado se eu baixar, e não é honesto fazer isso.
-Está me fazendo sentir um criminoso.
-Bem, você já é por baixar livros. - Ri.
-Preciso de um nome criminal. O que acha de Billy Joe?
-Não! De jeito nenhum.
-Robin Toones?
-Nããoo.
-Jason McCann?
Olhei-o.
-É. É perfeito.
Sorrimos.
Justin olhou o relógio de pulso. Quer dizer, os dois relógios de pulso.
-Meu D'us. Perdemos o quarto horário.
-Ai não! Vamos correndo pedir autorização.
Abri a sala e saí com Justin. Na coordenação, a diretora levantou a cabeça.
-De novo os dois?
-Precisamos de autorização pra entrar em sala.
-Com uma explicação plausível, eu posso dar.
Minha mente trabalhava, mas eu não mentia bem, como Justin disse ontem.
Justin o fez por mim:
-Eu estava com a enfermeira, bati a perna e estava sangrando feio. A Ale eu encontrei no corredor. Ela disse que passou mal, estava no banheiro, vomitando.
A diretora me olhou.
-Está bem pra continuar na escola?
Gaguejei propositalmente.
-S-sim. Preciso.
-Tudo bem. - Ela anota dois papéis. - Aqui estão.
Saímos e, na sala, o professor nos atende. Claro, na frente da sala toda.
-Onde estavam?
Falei primeiro, agradecendo à Justin mentalmente pela mentira.
-E-eu passei mal... mas estou melhor, e a diretora me deixou voltar.
-Ok. E Justin?
-Bati a perna e estava sangrando. Fui à enfermaria.
Ele nos avaliou, mas decidiu que não estávamos mentindo e sentamos de novo. Alguns alunos nos olharam feio, como que pensando "uhum, sei", e uma dessas alunas era Clary.
Torci pra estar pálida o suficiente pra ser convincente de que havia vomitado. Mas... Clary não tinha direito de ter raiva. Ela traiu Justin! Bem, Justin e eu... mas não foi de propósito! Não mesmo!
No final do dia, eu esperava Rick na frente do colégio, pois ele não estava lá na frente depois do ensaio.
-Oi Ale. - Alguém me abraçou por trás e me deu um beijo no pescoço.
-Oi Rick. - Virei e o abracei. - Vamos? Mamãe deve estar chegando.
-Claro.
Justin chegou e me abraçou também, com um beijo na bochecha.
-Bom estudo pra vocês, até eu chegar lá. - Ele disse.
-Quinta vai ser a mesma coisa, né?
-É, haha'. Não fui eu quem escolhi os horários dos treinos.
-Tudo bem, não estou reclamando. - Sorri.
-Eu sei, haha'.
Minha mãe chegou, e eu me despedi de Justin.
Em casa, percebi que Rick estava realmente mal em matemática.
-É quase igual à física em número de fórmulas. - Disse-me.
-Sim, infelizmente.
-Cara, eu e Justin nunca vamos gravar tudo isso.
-Se eu posso, por que não vocês? Se nossos professores podem, por que não vocês?
-Assim você até faz parecer fácil.
-Tudo é fácil se nos dedicarmos.
-Mentira, mas algumas coisas, sim.
-É. - Ri. - Mas isso aqui, sim.
-Ok, vou tentar mais.
-Muito bem.
Pensei como Rick era inteligente. Ele estava mesmo tentando, mas seu bloqueio matemático lhe impedia de fazer certo. Ele refez umas 20 questões, e só 4 estavam certas.
-Você tem potencial, Rick. Você consegue, só precisa tentar mais e desfazer esse bloqueio.
-Estou tentando, estou tentando. Mas eu...
-Mas nada! Se você está tentando, não tem 'mas'. Continue, Rick. Você vai conseguir.
Ele sorriu pra mim.
-Você deveria ser animadora.
-Estou animando você?
-Sim.
-Então eu já sou animadora.
Nós rimos, mas, depois, Rick fechou a cara e a cobriu com as mãos.
-O que foi? - Perguntei.
-Ale, eu não aguento isso. Promete que não vai contar pro Justin?
Ah meu D'us.
-S-sobre o que?
-Prometa, por favor.
-T-tudo bem, prometo.
Ele chegou mais perto e apertou minhas mãos.
-Ale... ontem, eu estava na frente da escola esperando vocês, e... a Clary saiu antes. E, bem... Éh, sem entrar em muito detalhes... ela me beijou.
Fingi espanto.
-C-como assim "sem entrar em detalhes"?
Ele corou.
-Ah.... melhor ficar em off.
Arregalei os olhos.
-Não, ela não fez isso comigo.
-Rick... olha... eu já sabia... já sabia que ela tinha te beijado... mas...
-Sabia? Por que não correu pra dizer pro Justin? Você é louca por ele.
-Ele ia sofrer com isso. E, mesmo que não, não tenho provas.
-Ale, ela...
-Boa tarde. - Virei pra porta. - Tomara que não tenha assustado vocês. Sua mãe me deixou entrar.
-Oi Justin. Como foi o treino? - Rick perguntou, se recuperando rápido do choque, e me dando tempo.
-Cansativo. E vocês?
-Pausa pra descansar. Não aguento mais.
-Haha.
-Oi Justin. - Falei, finalmente recomposta.
-Oi. - Ele sentou no chão.
-Hey, senta aqui. - Pedi.
-Não, eu estou soado. Não quero fazer sua cama ficar fedendo.
-Que isso, Jus. Pode sentar.
Ele não se moveu do chão, mas levantou a cabeça e sorriu pra mim e, com esse gesto, percebi que ele não sentaria na cama.
-Ah é? Pois bem. - Falei e sentei no chão ao seu lado. Rick sentou na minha frente.
-Não precisava, Ale. Nem você, Rick.
-Precisava, teimoso.
Começamos os exercícios, mas, depois de uma hora, Rick me passou um papel.
"Quero contar pra ele, mas não sei como"
Olhei-o, dizendo "nem eu" com os olhos.
Justin nos olhou nesse momento.
-Algum problema? - Perguntou.
Rick se apressou em mentir.
-Não. Só ainda estou estranhando essa conta estar errada. Mas confio na Ale. Estou tentando.
Justin soltou uma risadinha.
-Concordo. É a oitava?
-Décima quarta.
-Vish' tá longe.
-Muito.
Eles riram e voltaram ao dever. Não sei como garotos conseguem mentir tão bem e não se sentirem culpados.
Rick suspirou.
-Justin?
Justin levantou a cabeça.
-Sim?
-Preciso te contar uma coisa.
-É assim tão sério? - Justin ficou rígido e franziu o cenho.
-Sim. É sobre a Clary.
Justin não disse nada, só o olhou. Coloquei a mão sobre o ombro de Rick, encorajando-o. Achei que assim Justin saberia que eu sei o que ele ai dizer, mas não podia fazer nada.
-A Clary te traiu, Justin.
Senti Justin enrijecer mais, mas seu rosto pedia detalhes.
-Ontem, depois do treino de vocês. - Rick continuou. - Ela... me prendeu na parede e me beijou.
Senti Rick se aliviar ao contar. Um peso havia saído de seus ombros.
Justin me olhou.
-Foi por isso que você caiu ontem.
Baixei o rosto, com os olhos marejados.
-D-desculpa... - Pedi, mas Rick se meteu.
-Eu quem pedi. Achei melhor que eu contasse, já que... que foi comigo, não com ela.
-Podiam ter me contado logo. - Ele estava com raiva, notei.
-Desculpe, Justin. Por mim e pela Ale.
Ele suspirou.
-Sten sabe também?
-Não... - Falei. - Sten chegou pouco antes de você. Clary já havia ido embora.
Justin ficou calado um tempo. Eu não sabia como ele estava calmo assim, acabando de saber que a namorada o traíra. Mas, por incrível que pareça, sorriu e nos olhou.
-Eu já sabia que ela ia fazer isso. Sabe? Terminar.
Olhei, chorando, pra ele. Ele sorria, mas... havia algo errado. Onde? Como? Algo não estava brilhando como sempre. Seria a dor nos olhos? Os olhos não brilhavam mais. Era isso.
-N-não sabia...- Eu fui interrompida por Rick, que colocou a mão em minha boca. Não entendi por que, mas me calei.
-Se você sabia, por que fingiu essa irritação toda? - Rick perguntou.
-Bem, seria a reação que vocês esperavam, não?
-É, verdade.
Não entendi por que aquela conversa, mas deixei quieto.
Justin e Rick sorriam como se não houvéssemos falado nada.
Continuamos o estudo até de noite, quando Rick foi embora novamente, e eu e Justin continuamos estudando.
Resolvi que deveria perguntar como ele estava.
-Você está bem, Justin?
Ele me olhou, a confusão explicita em seu rosto.
-Sobre... hoje de tarde?
-Ah. Estou bem, fica tranquila.
-Jura?
-Sim, juro. - Ele sorriu, olhando-me nos olhos.
-Você mente tão mal quanto eu. - Baixei o tom de voz.
-Ale...
-Você está mentindo! Não se fica assim depois de uma notícia dessas!
-E o que você espera? Que eu me jogue no chão e chore, é isso?
-É o que qualquer um faz!
-Não sou qualquer um. Sou Justin Bieber.
-Eu sei quem você é, p...
-P...? P o que? Fala palavrão, não ligo.
-Nada que importe. E eu não falo palavrão.
Ficamos calados nos encarando um tempo, e depois baixei o rosto, envergonhada por brigar com ele.
No final, nenhum de nós aguentou a tensão, e Justin se levantou.
-Tenho que ir. Te vejo amanhã, Ale.
Levantei e o levei até a porta, mas não nos falamos nem nada. Ele só saiu, e não olhou pra trás.
Oiiiiiiiiii!!! Mals a demora, mt trabalho em grupo pro ideart(feira da ciência), vcs n fazem ideia de como é cansativo, kkkk Bem, espero que gostem, amo vcs <3
*Selenators, já viram o vídeo de CAGI??? É muito perfeitooo <3 *
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