*POV Zayn*
Notei Justin olhando a sala. Pelo seu olhar, gostou do lugar, e tenho que admitir, eu sempre gostei, também.
Mas também notei como olhava pra minha protegida.
E ele eu não permito que a toque!
-Bem, senhor Bieber, vamos falar da sua carta. - Anne começou. - Eu gostaria de fazer uma pergunta por causa das Leis.
-A vontade. - Respondeu.
-Se não for muito imprudente de minha parte, o que faz um Dominador de Água na Tribo do Ar?
Justin ficou com um olhar um pouco doloroso, mas deu de ombros, provavelmente esperando que ninguém notasse.
-Nasci assim. Ninguém sabe como, também. Nem minha mãe, a Conselheira.
-Um bom caso para se investigar, não?
-Ah. Bem, nunca pensamos em investigar isso. Mas é uma ideia brilhante.
-Obrigada. - Liam a olhava. Estava fazendo um ótimo trabalho, e eu estava atrás de sua cadeira, esperando que Justin notasse que ele não vai ficar muito perto dela por aqui. - Bem, temos somente uma Dominadora disponível. - Isso me deixou tenso. - E sou eu.
Ah, ótimo! Mas eu vou acompanhar treino por treino, cada segundo. E se esse otário tocar nela, vai ver só.
Justin ficou um tanto surpreso, e notei o sorriso brincando em seus lábios. Fiquei ainda mais puto com isso.
Anne continuou, sem notar nenhum de nós.
-E quanto à colheita - Sorriu. - Podemos ajudar. Está perfeita.
-Eu lhe agradeço pela compreensão, senhorita Vincent. O que deseja em troca?
-Não há o que agradecer. Nós também estamos precisando de uma pequena ajuda. Parece-me que uma doença se instalou aqui por uns tempos, e agora que todos estão bem, os médicos estão doentes. Precisamos de ajuda com eles, alguns recursos financeiros para bancar os remédios.
Justin assentiu.
-Como queira. É o mínimo que podemos fazer por vocês.
Anne se levantou.
-Liam, pode por favor fazer uma carta para a Conselheira do Ar? Eu e o senhor Bieber assinaremos ao final para confirmar.
-Claro. - Ele foi ao escritório.
Anne mexeu em algumas gavetas. Tirou um papel de uma delas e anotou algumas coisas.
-Os senhores gostariam de beber alguma coisa? - Perguntou, se dirigindo à Justin e seus Protetores.
Justin olhou para eles para saber se eles queriam algo, mas suas respostas foram negativas. Eu não sabia dizer se eles não confiavam em nós, ou simplesmente haviam bebido demais no almoço.
Ouvi um barulho de água e algumas pessoas correndo. Abaixei-me até o ouvido de Anne e sussurrei:
-Acho que sua irmã está Dominando.
Ela virou pra mim.
-Ouviu falarem seu nome? - Perguntou, baixo.
-Tem outra Dominadora sem ser vocês? - Respondi no mesmo tom.
-Quando Liam voltar, vá dar uma olhada.
-Ok.
Liam voltou nesse exato instante, e Anne me fez um sinal com a cabeça.
Saí da cabana e olhei como estavam as coisas. Vi uma onda gigante no lago e algumas crianças em volta.
Corri para lá.
-SANDRA! - Gritei, mesmo que sem permissão para chamá-la assim. Cheguei ao lago. - Senhorita Sandra, cuidado. Há muitas crianças em volta do lago.
-Onde? - Ela e perguntou.
-Um pouco mais afrente, e sua onda pode acertá-las.
-Ah, tudo bem. - Pareceu triste, mas diminuiu a onda até o lago estar liso novamente.
-Se me permite dizer - Tentei. - eu achei uma onda maravilhosa.
Ela sorriu.
-Obrigada. Você é sempre gentil assim?
-As vezes. - Rimos.
-Acho que é por isso que a Anne sempre fica vermelha perto de você. Você é fofo. Obrigada. - Ela entrou no lago e brincou um pouco com a água.
-Com licença. - Curvei ligeiramente meu corpo e voltei para a sala de reuniões. Com um pensamento na cabeça: até a irmã da Anne me acha fofo.
Entrei e Anne e Justin estavam apertando as mãos. Devem ter falado algo importante depois de assinar a carta, que já estava fechada e lacrada.
-Zayn? - Ela me olhou.
-Está tudo bem. - Respondi à sua pergunta silenciosa. Anne sorriu.
-Perfeito. - Virou-se para Justin. - Por favor, sigam-me. Vamos acomodá-los.
-Muito obrigado por sua gentileza, senhorita Vincent. - Justin agradeceu.
Saímos da cabana e, no caminho, Anne parou na porta do correio.
-Maryse? - Chamou. - Pode mandar enviar esta carta, por favor?
Uma senhora por volta dos cinquenta anos saiu de lá. Seus cabelos pretos estavam ficando claros e sua pele, enrugada. Os olhos cinzas brilharam com a luz do sol.
-Boa tarde, Anne. - Disse, sorrindo. Seus dentes eram meio amarelados, mas nada um dentista não resolva.- É para a Tribo do Ar?
-Sim.
-Já será enviada.
-Obrigada.
-Anne? - Disse, quando estávamos saindo.
-Sim?
-Sua irmã me disse que sua mãe está lhe procurando.
-Oh. Obrigada. Irei vê-la já.
Voltamos à andar e Anne estava um pouco inquieta. Cheguei mais perto dela.
-Algum problema?
-Não sei... Minha mãe normalmente me chama sozinha. Ela manda alguma gota d'água até mim com seu nome. É... estranho que ela mande me chamar. Ela não se permite ver por ninguém além de mim, papai e Sandy.
-Então deve vê-la logo.
-Já vou. Só vou...
-Deixe comigo.
-Mas...
-Vá. Eu cuido deles.
Anne olha para trás, como que para saber se vai ou não. Enfim, suspira e para.
-Peço que me perdoem, mas eu preciso falar com alguém urgentemente. Zayn acompanhará vocês até seus aposentos.
-Sem problemas, senhorita. - Justin diz. Anne sorri e vai em direção ao lago.
-Por favor, sigam-me. - Digo e seguimos nosso caminho.
Pelo canto dos olhos, vejo os três olhando o lugar. Não sei por que é tão impressionante. Não pode ser tão diferente da Tribo deles.
Ok, pode. Só estou com raiva! A última coisa de que precisava era Justin aqui. Não que eu o odeie, mas já vi como olha pra Anne.
Exatamente como eu.
E ela não vai ficar com ele.
Chegamos aos Chalés livres e apresento um grande de três quartos para eles com uma sala, cozinha e dois banheiros.
-Por favor, sintam-se à vontade. O jantar é servido às 19h por causa das crianças, mas a cozinha fica aberta até 23h. A barraca de jogos é até meia-noite e bebidas alcoólicas só para maiores de 21 anos. Quaisquer perguntas, podem me chamar.
-Eu gostaria de fazer uma pergunta, senhor Malik.
Olho para o Protetor que falou.
-Diga.
-Sobre o treinamento de Justin; gostaríamos que começasse logo que possível, já que, todos nós sabemos, temos que voltar na segunda. - Reconheci a voz de Christian Beadles, um dos assistentes e guarda-costas de Justin.- Provavelmente a senhorita Vincent voltará amanhã de noite por causa da escola.
-É bem provável, concordo. E eu irei falar com ela e lhes informar sobre isso. Tenho certeza de que ela pensou a mesma coisa. Mas, por hora, descansem. Dominação é muito cansativo.
Ouvi Justin dar uma risadinha. Aposto que concorda com o que digo.
-Ok, muito obrigado, senhor Malik. - Diz, e sei que essa é minha deixa. Curvo ligeiramente o corpo e saio da cabana.
Vejo Anne vindo em minha direção e aperto o passo.
Ela está chorando.
Abraço-a com força e ela não se afasta. Chora em meu ombro, e eu lhe ofereço um lenço. Agradecida, ela o pega e limpa o rosto.
Quando finalmente se acalma, pergunto:
-O que houve?
-Eu... Niall... ele...
-O que?
-D-depois de falar com minha m-mãe, ele me ligou. E eu ouvi tudo o que ele queria dizer mas... no final, quando mandei uma mensagem em resposta à tudo, ele, pela primeira vez, respondeu à ela. E não foi agradável. Est-tou brigada com ele, meu melhor amigo... E eu preciso dele, Zayn. Preciso muito. Fora meu pai, ele é o garoto que mais me importo na vida... - Ai, essa doeu, e muito. - É um irmão, pra mim.
-Posso conversar com ele depois, digo o que você quiser que eu diga. Contanto que fique feliz de novo.
Ela me olha.
-O-obrigada, Zayn. M-mas não sei se vai funcionar...
-Só faça sinais. Ele vai entender que e posso lê-los.
-Espero... se bem que... que Niall é bem compreensivo.
-Então vamos torcer pra ele continuar assim.
Ela sorriu.
-Como estão os meninos?
-Bem. Adivinhe quem é um dos Protetores do Justin?
-Quem?
-Chris.
-Ah... o tal do guarda-costas dele?
-Sim. Nesse passo, o outro provavelmente é Ryan, mas ainda não tenho certeza.
-Pode ser qualquer um.
-É verdade.
Nós rimos.
-Bem, o dia está passando. Acha que devo começar à treinar com Justin à noite?
-Você quem sabe, sub-Conselheira.
Ela me olha.
-Acho que podemos esperar o jantar, não?
-Como queira. - Sorri.
-Anneeeeeeeeeeeee!
Viramo-nos para o grito. Miley pulou nela de novo.
Reviro os olhos.
-Acho que a Anne não deveria se machucar. - Sorri, sarcástico.
Jasmine me olha, já que acabou de chegar.
-Concordo plenamente. - Sorri do mesmo jeito. Ela é atraente, mas não é uma Anne da vida.
-Então, Miley, você concorda conosco? - Pergunto, olhando-a de cima.
-Não. - Riu junto com Anne e a ajudou à levantar. - Essa vaca tem é que cair de um penhasco.
-Vadia. - Anne riu. - Se eu cair, você vai junto.
-Vou não!
-Uso a água pra te forçar à ir.
-Vaca.
Elas e Jasmine riam muito. Não vi graça em xingar Anne desse jeito, mas deixei um sorrisinho brincar comigo.
-Doidas. - Falei. Elas se jogaram, todas, em cima de mim, caindo no chão.
-Somos mesmoo! - Gritaram, e eu tive que rir.
-Suas loucas! Não gosto muito de voar, sabem?
Elas riram.
-Ah, mas vamos ficar aqui um tempo, tá gostoso, sabe? - Miley disse, e entendi totalmente a indireta.
-Olha quem fala. - Rebati e ela riu.
-Deitar é legal.
-Concordo plenamente.
Ouvimos um zumbido e então uma pequena explosão, como se fosse um balão estourando. As meninas saíram de cima de mim e eu só virei o corpo para olhar.
Na beira do lago, Jake estava brincando com algo.
Anne correu para lá, e eu me levantei e a alcancei em um segundo, com Miley e Jasmine em meus calcanhares - literalmente. Elas estavam me chutando sem querer.
-Jake! - Anne sentou ao lado dele. - O que foi isso?
-Só um brinquedo... - Falou de modo tão inocente que quase acreditei.
-Que brinquedo? Ele quem causou essa explosão?
-Não era pra ser alta..
-Podia ter te machucado! Jake, não me assuste assim!
-Desculpe, Anne. Eu estava só... tentando fazer uma coisa.
-Aquela que você me disse que ia fazer?
-É... mas ainda não está pronta.
-Você só me deixa curiosa... tome cuidado, ok?
-Ok... desculpe de novo. - Ele tinha voz de choro, mas não via seu rosto.
Anne o abraçou.
-Está tudo bem, Jake. Só quero que não se machuque. Entendeu?
-S-sim.
-Não chore, meu amor. Só quero que fique bem. Vem. Vamos jantar?
-Mas o sino nã...- Ele foi interrompido pelo sino do jantar. Ela sorriu pra ele e ele caiu na gargalhada.
-Vem?
-Sim!
Ela pegou sua mão e levantaram dali, e então ela o carregou.
Eu poderia jurar que ela se sentia como mãe/irmã mais velha dele. E ele o mesmo. Mas não vou jurar e me arriscar à perder alguma coisa.
Espere... Anne perdeu a voz para os de fora das Tribos... será que...?
Esclarecendo melhor isso: nós, Dominadores, Protetores e Conselheiros, somos, numa escala trabalhística, descendentes dos Nefilins. Nefilins são descendentes de Anjos Caídos com humanos, e eles tinham forças e poderes sobrenaturais, por mas que ainda mais fracos que os Anjos Caídos, Anjos e Demônios. Os Nefilins não sobreviviam muito tempo, não por serem fracos - ao contrário, tinham uma força sobre-humana - mas por que Anjos Caídos podem possuir seus corpos com 16 anos se fizerem um juramento - e mesmo que não o façam, os Anjos Caídos podem atormentá-los e torturá-los muito, já que Nefilins são imortais(o que é estranho, por que eles não sobrevivem por muito tempo por que a possessão usa muito do corpo, e uma vez que o corpo esteja acabado, a imortalidade do Nefilin deixa de existir - mesmo que eles se curem bem mais rapidamente que humanos. Isso acontece por causa do poder sombrio dos Anjos Caídos). Nefilins não podem ter filhos com Nefilins, então só lhes resta os mortais - ou seja, humanos. Tendo casado com eles e tido filhos, seus filhos tem somente 50% de sua força ou habilidade sobrenatural. Os Protetores - eu - herdaram somente a força e velocidade dos Nefilins. Os Conselheiros são Dominadores, portanto herdaram os poderes deles. Nós, ao contrário deles, podemos nos casar e procriar com nossa própria raça, criando novos poderes estranhos, como os raros Dominadores de Metal e das Plantas. Outros já são bem normais, como Dominadores da Água, Terra, Fogo e Ar. Tendo essa linhagem angelical, podemos fazer Promessas de Sangue à D'us com uma força maior do que a dos humanos normais - mas temos um preço. Se não cumprirmos nossa promessa, um Anjo virá nos punir, e nós nunca sabemos qual a punição até que ela seja executada - e as vezes nem sabemos que ela já está em execução, só sofremos por ela. Porém, se as cumprirmos, ganhamos um tanto mais de saúde ou nossa habilidade herdada. Claro que também existem as Maldições e as Trocas, mas são raras demais hoje em dia para nos preocuparmos.
Ainda assim, não creio que Anne tenha se arriscado à uma Promessa de Sangue. É muito arriscado. Ela poderia ter perdido até Sandra se não a cumprisse. Ou o pai.
Acompanhei-os com Miley e Jasmine dando risadinhas atrás de mim. Cheguei mais perto de Anne por ser escuro agora, mas sem invadir seu espaço pessoal.
Perto do refeitório, vimos Justin e seus Protetores - agora confirmados serem Chris e Ryan por estarem só de camisa e calça jeans - saindo da cabana se batendo e rindo. Ryan apontou para nossa direção, lembrando os outros onde era o refeitório. Eles vieram em nossa direção, mas Anne não os notou, ocupada entretendo Jake.
Jake... ele me é tão familiar, agora que o vejo de perto... mas... por que será?
Os arquivos... posso.... não! Estaria quebrando uma regra terrível! É muito tentador, mas não posso. Perguntar à Anne é um caminha mais fácil e correto. Mas não agora.
No refeitório, algumas garotas tocavam instrumentos(piano, flauta, violino e uma bateria fraca), tudo no contexto de acalmar as pessoas - no caso as crianças - para estarmos prontos para dormir. O efeito foi bom, por que vi Chris bocejar e forçar uma cara de firmeza.
Anne deixou Jake na cadeira ao lado da sua, e então, estávamos prontos para comer..
E um mensageiro entrou à cavalo, suado e cheio de sangue, com um pergaminho.
*POV Marianne*
Levantei, atônita. Muitas pessoas se aglomeravam em volta do homem.
-Zayn! Zayn, peça pra se afastarem!
-Como queira. - E, então, ele gritou: - AFASTEM-SE AGORA, VAMOS! DEIXEM-NO RESPIRAR!
Sua voz foi alta e potente, por isso muitas pessoas saíram de volta do homem. Fui até ele.
-Senhor? Senhor, você está bem? que houve?
-V-você é a srta. Marianne?
-Sim, sou eu. -Notei que não só sangue saía dele, mas haviam queimaduras em toda sua pele. - Zayn, traga um pote de água. Não quero nada quente. Rápido.
-Entendido. - Nem o vi se mover, mas quando olhei para trás, ele já não estava mais lá.
O homem se moveu, esticando a mão para pegar a minha. Sangue manchou minha mão, mas não me importei. Ele me deu o pergaminho.
-I-isso é... da Vila da Terra.
-Terra? - Me espantei, e ouvi Justin dizer o mesmo. A vila da Terra e do Ar são inimigas declaradas, e nós somos aliados do Ar. - O que a Terra quer conosco?
-N-não sei dizer... Só fui mandado... trazer a mensagem.
-Desculpe.. - Zayn chegou com a água, e eu a controlei para cima de suas feridas e queimaduras. Ele chiou, mas me deixou continuar. - Zayn, ninguém tem nada para ver aqui.
-Concordo. - Ele se virou. - Pessoal, vamos deixar o senhor descansar, por favor, aproveitem seu jantar. Qualquer informação útil lhes será dita. Por hora, esqueçam o que aconteceu.
Algumas pessoas tentaram protestar, mas Miley e Jas o ajudaram, e todos voltaram à comer.
Todos menos Justin, Chris e Ryan, que ficaram atrás de mim.
A Água tem propriedades de cura que outras vilas não tem, e eu treinei um pouco disto durante um tempo, mas para fazer algo útil, ia precisar de alguém muito bom nisso. Depois de um tempo, o homem ainda respirava fraco.
-O que pode nos dizer? - Perguntei.
-Só que... a Vila do Fogo... Alguns dos nossos os ouviram.. cuidado com seus companheiros... o Fogo está fazendo o que faz de melhor. - Ele tossiu sangue em minhas mãos.
-Não! Por favor, não morra. - Pedi, com lágrimas nos olhos. Forcei a água o máximo que pude.
Um minuto depois, seu peito parou de subir e descer. Zayn colocou a mão em meu ombro, e eu soube que não havia mais nada à fazer. Não gostava muito dos Terra, mas não pude evitar deixar caírem lágrimas. Zayn me levantou e me abraçou. Chorei por mais dois minutos em seu ombro, e então me permiti ficar forte. Sequei meus olhos e olhei Zayn.
-Vamos mandar uma carta aos Terra. O corpo será enviado de volta para ter um enterro digno entre os seus. Por hora, peça para cuidarem dele. Não o mandem sangrando para lá.
-Certo. -Ele foi até o homem para carregá-lo. - Desejo vê-la em seu escritório em alguns minutos.
-Ok. Vou levar seu jantar.
-Obrigado.
Não podemos evitar agir com cordialidade em momentos tensos. É algo do cérebro. Quando vejo, já estou mandando, e ele obedecendo, por mais que sejamos quase íntimos.
Zayn pegou o homem no colo e saiu. Fui ao banheiro lavar minhas mãos.
O sangue... Era sempre assim que acabava. Guerra. Sangue. Pessoas mortas...
Minha mãe... ela quase foi uma delas. Se eu não tivesse...
-Anne!
Virei. Miley estava ali. Ela me abraçou.
-Sinto muito, Anne. Odeio que você veja isso...
-Eu sei. Obrigada, Miley. Agora, preciso preparar meu jantar e do Zayn. Pode me ajudar?
-Claro. A Jas fez o meu.
Saímos do banheiro. Miley me disse que meus olhos ainda estavam vermelhos, mas eu fingi que não ouvi, Fiz meu prato e Miley o de Zayn, mas somente de acordo com o que eu dizia que ele comia, já que o via comendo no trabalho. Peguei os pratos e fui à meu escritório.
Onde Zayn, Justin, Chris, Ryan, Liam e meu pai me esperavam.
-Desculpem, mas eu só trouxe jantar pra mim e pro Zayn.
-Sente-se, filha. - Papai disse. Assenti e me sentei, depois de dar à Zayn seu prato. Todos se sentaram nos sofás ou cadeiras. Peguei o pergaminho de meu bolso e o li em silêncio. Todos, claro, entenderam que o pergaminho foi endereçado à mim, e nada perguntaram. A leitura não foi agradável, e, vendo o espelho, notei que terminei a leitura perplexa.
-Liam... v-você precisa... ler isso.
Ele veio para trás de mim e leu a carta, sem nem me tocar. Arfou ao terminar.
-Isso é incrível. Digo, terrível, mas...
-Entendo. Eles estão subindo muito rápido... Se quisermos detê-los... Sabe o que vamos precisar fazer?
-Sim.
-A Tribo do Ar vai ter que cooperar. Não vai dar certo sem eles.
-O que temos que fazer? - Justin perguntou, inquieto.
Olhei pra ele.
-A Tribo da Terra vai precisar virar prioridade. O Fogo está ameaçando acabar com eles, e em seguida, nós. E, depois, vocês. Pelo menos, sempre é assim. Se eles mudarem de ordem...
Zayn levantou.
-Podemos mandar uma carta para o resto dos Estados Unidos. Todos nós temos pouca gente, e somos muitos no país. O Fogo não comanda aqui.
-Sim, você está certo, mas... - Pensei. - Se estavam planejando isso à muito tempo, temo que já tenham reforços de outros países.
-Você quer dizer que não somos páreos? - Justin perguntou, e notei um brilho de raiva.
-Não. Quis dizer que estamos em desvantagem numérica. Zayn, peça um relatório nacional de quantos Água nós temos; Protetores e Dominadores.
-Entendido. - Ele entrou na sala de Liam.
-Liam, contate os Ar. Peça o mesmo para a Conselheira e informe-lhe a situação.
-Certo. - Ele também entrou lá.
-Justin, seu treinamento vai ser intensificado. Eu ia começar de modo fraco pra ir pegando o jeito, mas, com a situação atual, teremos que...
-Eu não sou uma criança. - Disse, me deixando surpresa.
-Não sugeri que fosse.
Chris falou algo em seu ouvido e Justin suspirou, ficando quieto. Mandei agradecimentos mentais à Chris, sorrindo pra ele.
-Pai, fale com a mamãe. Diga que passarei lá antes de partirmos amanhã de manhã.
-Filha..
-Preciso dela. O senhor sabe disso.
-Tudo bem. Estou indo.
Ele saiu.
Justin virou pra Ryan e Chris.
-Podem ir lá para fora um minuto?
Eles o olharam desconfiados, mas assentiram e saíram. Justin me olhou.
-Algum problema? - Quis saber.
-De novo, Anne, eu não sou uma criança. Eu entendo que tem uma guerra surgindo. O que está me escondendo?
-Por enquanto? Nada. Nossa aliança não permite que eu esconda as informações atuais.
-E o que lhe é permitido esconder?
-Se é segredo, então por que eu contaria?
-Você já notou que é muito adulta pra idade?
Isso me deixou com o rosto esticado. Ele achava que eu era muito adulta?
-C-como assim?
-Você age como se estivesse no comando geral. Manda até no seu pai.
Olhei-o, sem conseguir pensar direito.
-Eu...
Por sorte, Zayn voltou, e eu iria abraçá-lo depois por me livrar disso.
-Aqui está. - Ele olhou meu rosto, o de Justin, e a sala. - O que houve aqui?
Levei um segundo a mais do que o necessário, mas pisquei e virei o rosto pra ele, sorrindo.
-Nada demais. Uma pequena discussão. Deixe-me ver o relatório.
-Claro... - Ele me entregou, ainda olhando desconfiado para a cara de raiva de Justin.
Hum... Estávamos bem em números distribuídos. Mas se o Fogo trouxe gente de outros países, mesmo juntos, não ia dar certo.
-Zayn?
-Sim?
-A Inglaterra... quantas pessoas haviam na sua Tribo?
Justin ficou surpreso, mas não disse nada.
-Umas 1000. Éramos poucos, uma nova Tribo. Porém, não acho que o número tenha mudado muito, para mais ou para menos.
-Já seria um reforço perfeito. Com o Ar na jogada, poderemos proteger todos os Estados Unidos. E se os Terra forem fortes o suficiente, nem vão precisar de tantos de nós.
-Do jeito que aquele mensageiro apareceu, duvido que estejam muito bem.
-O que quer dizer?
-Analisei o corpo antes de vir para cá. Já estava bem por fora, mas... Os Fogo o deixaram vir. Ele não escapou. A força dos ataques poderia ter sido muito pior. O mandaram para termos medo.
-Então... o Fogo se superou, han?
-Bastante.
-Não podemos aceitar isso. - Ouvi. Justin estava de pé.
-Isso..?
-Ajudar os Terra? Eles são os que mais nos causaram problemas desde sempre. Os que mais mataram pessoas da nossa Tribo. Os que sempre tentaram nos extinguir. Não vamos ajudar nenhum Terra.
Suspirei, entrelaçando os dedos.
-Suponho - pensei. - que você tenha esquecido o dever de todos nós, filhos de Nefilins.
-Ãh? Claro que não!
-Então, mesmo nós da Água, vamos ajudar nossas Tribos rivais. -Olhei seu rosto confuso. - Não sabe qual o nosso dever, sabe?
Ele estalou a língua.
-É claro que eu sei! Está me tratando como criança de novo.
Olhei-o.
-Zayn, nos dê um minuto.
-Como queira.
Ele saiu, ficando com Chris e Ryan. Pelas risadas de início, notei que eram bons amigos.
Justin olhou da porta para mim.
-O que?
-Qual nosso dever, Justin?
Perplexo, ele perguntou:
-Você não sabe?
-Não. Eu sei. Você não sabe. Por isso tirei Zayn daqui; pra só ficar entre nós dois.
-Tsc. Eu sei nosso dever.
-Então diga-o. Fale o que é.
Ele hesitou e sentou. Pensei que não ia dizer nada, mas ele levantou a cabeça:
-Minha mãe me acha ingênuo. Acha que não posso tomar conta da Tribo por que sou seu único filho e sou homem. Ela não me diz nada. Quando virar Conselheiro, isso se eu virar, não vou saber nada. - Notei a voz melancólica. Sentei ao seu lado.
-Nosso dever é proteger todo e qualquer humano que não possa se defender contra as forças do Inferno, e, no caso dos Fogo, do Céu também. Podem até matar com facas e armas, mas as chances seriam muito pequenas contra as queimaduras. -Olhei para o chão. - Sabe... você disse que eu sou muito adulta ainda a pouco... bem... eu fiquei chateada, mas... não posso negar isso. Eu sou a sub-Conselheira, tenho que ser madura. Veja bem, eu tenho que proteger uma Tribo inteira com essa idade, mais o país. -Sorri fraco. - Tenho inveja de você, Justin. Ainda livre, sem tantas preocupações...
-Sem preocupações? Ser diretor daquele estúdio também é super ruim. Ser maduro é uma droga. Eu odeio isso.
-Vejo que finalmente temos algo em comum.
-Hãm?
-Nossas vidas de adolescente... foram tiradas de nós. Por motivos diferentes ou não, nós não temos mais o direito de errar. Bem, aqui eu não tenho, lá você não tem.
Ele pegou minha mão.
-Então, por que não comanda o que devo fazer aqui? - Ele estava sorrindo.
-Ah... bem, eu não tenho essa autoridade sobre você..
-Então me convença de que é o certo. Ouvi dizer que meninas podem ser bem convincentes quando querem. - Seu sorrido ficou maior. Isso me fez rir.
-Seu bobo. - Senti a sensação gelada da água nas mãos. Bem intensa, mostrando que ele é Dominador. - Acho que vamos ter que trocar alguns horários...
-Não se preocupe. Vou falar com Zayn e Bart para trocarem de turnos. Vou fazer com que Zayn fique com sexta de noite, sábado e domingo livres. Assim ele pode te proteger.
Sorri pra ele.
-Obrigada, Justin. Mas ele não vai poder trabalhar de manhã também. Terá que me seguir o tempo todo. - Sorri.
-Eu sei. Vou dar um jeito.
Levantei e estava quase sentando no meu lugar quando Liam chega.
-Você é mais rápido do que deveria, Amuleto. - Olhei-o, rindo.
-Ah, que nada. Aqui está. - Ele me mostrou a carta.
-Conveniente. - Assinei a carta. - Pode pedir pra enviar?
-Claro. - Ele saiu, e, mesmo estando protegida, Zayn entrou novamente. Pelo visto, ele leva seu trabalho mais a sério do que pensei. - Justin, vamos virar a noite, hoje. Vai ser duro amanhã para nós e nossos Protetores, mas você vai começar à Dominar.
Ele me olhou e então, assentiu, levantando.
-Vamos lá.
*Justin POV*
Saímos da sala dela e fomos para perto do lago. A escuridão não ia me ajudar. Só havia a luz da lua refletindo na água. As estrelas brilhavam, mas a noite continuava um breu.
Anne entrou na água e ficou até seus joelhos estarem cobertos.
-Não vão ficar doentes? - Chris perguntou.
-Nos secamos depois. - Ela respondeu. Entrei na água sem dobrar minha calça jeans, o que foi um erro, por que ela ficou mais pesada, e isso ia diminuir minha velocidade.
-Péssima ideia, a sua. - Ela disse, olhando minhas calças.
Ri como se fosse proposital.
-Consigo mesmo assim.
Ela sorriu, irônica.
-Se achando o tal... Vamos ver o que faz todo molhado.
E antes que eu piscasse, uma onda de água estava me levando.
Droga!
Usei o impulso da água pra me colocar pra fora. Preparei umas bolas do tamanho das de neve pra jogar nela, mas quando saí...
Droga de novo! Onde ela está?
-Em cima. - Ouvi sua voz. Olhei pra onde ela disse, e quando vi, ela usou o ataque que eu havia preparado. As bolas de água eram duras demais, machucando meu rosto e meus braços. Eu ouvia Chris, Ryan e Zayn rindo na margem, e desviei minha atenção pra eles. Mas não estavam rindo de mim. Nem nos olhavam. Parece que o treino era realmente só eu e Anne.
Então levei um soco.
-Arg.
Não, não um soco comum. Era um punho feito de água.
-Preste atenção em mim, não neles. Defenda-se.
Levantei-me já atacando Anne com as bolas d'água. Uma barreira a protegeu instantaneamente. Mal olhei-a subir quando a água prendeu meu pé e me puxou para baixo. Fiz uma bolha para poder respirar e enxergar, mas estava escuro demais pra isso.
Use a água para ver.
Que? Isso veio na minha cabeça?
Não, bobo. Eu estou falando com você!
Anne?
Use a água. Ela pode ser seus olhos e sua boca.
Como eu faço isso?
Concentre-se. Sempre deve ter concentração! Você está muito disperso.
Ei, como você tá lendo o que eu to pensando?
Ha! Entendeu?
Oh...
Muito bem, bobo. A água o deixa fluir seus pensamentos, tal como ele flui nos rios e mares. O problema é que se o seu oponente também é um Água, ele vai saber o que você está pensando.
Entendi.
Mais uma coisa.
O que?
Cuidado comigo. Olhe pra baixo.
Ainda não conseguindo olhar em baixo d'água, virei minha cabeça para a direção dita. Então entendi o que ela quis dizer com "use a água como seus olhos". Minhas mãos sentiam a movimentação e a presença da água. E...
Um dragão de água imenso vinha em minha direção!
Emergi com a água e a usei para me tirar de dentro do rio, flutuando acima dele, mas o dragão veio na mesma direção.
-Droga.
Desviei meu "chão" em outra direção e ataquei com agulhas de água.
-Isso não vai dar certo. - Falei pra mim mesmo. - Agulhas de água contra um dragão de água... a água vai se mistu.... Oh. - Bati em minha testa. - Droga, como não notei isso antes?
Podia ser Naruto, era mais fácil usar Suiton*.
Movi as mãos e o dragão se desfez.
Agora, tinha que achar minha atacante.
"Hahaha"
Droga! Vocês não podem parar de rir?
A água... Uh... E agora?...
-Por trás! - Ouvi, mas não deu tempo de me virar antes do soco de novo. - Preste atenção em mim, Justin! Meninas gostam de atenção, sabia?
Caí na grama à dois metros de Ryan.
-Droga! - De quatro, me levantei e virei pra ela. E de novo, onde ela estava? Essa garota parece...
Água! Parece água!
Levantei mais da metade do rio e a encontrei atrás de uma pedra.
Ela ficou em pé, rindo.
-Hahaha finalmente. Pensou, hein.
-Não sou tão burro.
-Mas é lerdo. Vamos, ainda nem estou ferida, e já estou vendo sangue na sua boca. E nem estou pegando pesado.
Tsc. Se ela nem está pegando pesado ainda... To fumado.
Mas eu ri.
-Não estou nem no começo também. Pode vir.
-Então, boa sorte.
Ela fez uma faca de água.
Céus! Que garota incrível.
-Se eu te acertar, você pode morrer. - Disse.
Ah, ótimo.
-Entendi. - Fiz braços de polvo com a água nos meus próprios braços. Ela pareceu impressionada.
-Incrível. Demorei muito pra aprender isso.
-Tsc. Eu também.
Ela partiu pra cima de mim e me defendi com o braço. Usei o outro pra tentar pegá-la, mas ela fez uma barreira de água e o desviou. Droga.
Então meus braços de água sumiram.
-Hã? - Fiquei confuso.
-Hehe. - Ouvi. Dessa vez, me abaixei, e o soco passou por cima de minha cabeça. Usei essa água à meu favor, fazendo uma bolha ao meu redor. Atirei várias agulhas de água nela, mas suas barreiras eram impenetráveis.
Eu ainda ia morrer nessa luta.
X-------X---------------X----------------X----------------X--------------X-------------X
Caí de quatro na grama molhada, e Anne ao meu lado, nós dois ensopados e arfando.
-Muito... muito bom, Justin...
-O-obrigado...
Ela sorriu, mas nossas forças acabaram.
-Z-Zayn... - Foi a última coisa que ela disse antes de começar à cair direto de cara no chão. Eu tentei me mover pra segurá-la, mas a exaustão me tomou primeiro e eu só pude ver Zayn segurando seu rosto à centímetros do chão antes de desmaiar também.
Acordei na cabana em que estava hospedado na Tribo da Água. Toquei minhas roupas...
Secas. E novas. Chris e Ryan não perdem tempo e não deixam passar um detalhe. Odeio quando eles tem que trocar minha roupa, por que isso significa trocar a cueca.
Credo! Melhor mudar o pensamento.
Levantei da cama com cuidado, e quase caí no chão, não fosse Ryan, que em dois segundos me segurou. Meu braço doeu, por mais que eu sentisse que ele estava fazendo o mínimo de força possível pra não me machucar. Sentei de novo.
-O que houve? - Quis saber.
-Você e Anne desmaiaram depois do treinamento.- Informou-me. - Zayn a levou pra cabana dela e chamou Miley e Jasmine para secarem-na. Você nunca esteve tão molhado, também. E, pior, esses machucados. Suas pernas e braços estão cheios de cortes, e você está com a bochecha esquerda inchada. Sua parte intacta é a barriga, que ela, pelo visto, fez questão de não atacar.
-Uh? Como assim?
-Todos os ataques dela foram voltados para braços, pernas e rosto. Não notou?
Baixei a cabeça.
-Não. Estava...
-Preocupado em mostrar pra ela que é bom e que sua mãe estava errada. Ela notou.
-Notou? - Olhei-o. - Ei, como você sabe que eu...?
-É óbvio. Seus sentimentos ficam nos seus olhos mesmo que seu rosto esteja impossível de ler. E ela notou isso também.
-Como você sabe?
-Ela riu de você e depois ficou compreensiva.
-Você nem estava vendo...
-Claro que estava. Por que se houvesse alguma chance de você morrer, eu teria que intervir.
-Tá... e o Chris?
-Deixei-o descansar um pouco. Ontem foi ele quem fez a maior parte do trabalho, por que eu estava passando mal.
-Estava?
-Sim, mas não importa. Você está bem, e eu estou melhor. Chris está descansado e...
-...e agora temos que tomar café e ir trabalhar.
Espero que gostem! Demorei pra ter ideia pra esse kkkkkk Tipo, a história tá pronta, mas o desenvolvimento que é podre de fazer rápido, kk eu apaguei alguns parágrafos umas 700 vezes lol mas tá pronto, espero que curtam bastante :D
*Suiton: do japonês 'água'.
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